CNI defende "medidas drásticas" na economia, mas se posiciona contra aumento de impostos

08/07/2016 17:05


O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, afirmou nesta sexta-feira (8), após se reunir com o presidente em exercício, Michel Temer, que a entidade defende "medidas duras" para a economia, mas, ao mesmo tempo, é contra o aumento de impostos para reequilíbrio das contas públicas.


Nesta quinta (7) o governo apresentou a proposta de revisão da meta fiscal de 2017, prevendo um déficit (despesas superiores às receitas com impostos) nas contas públicas de R$ 139 bilhões. Apesar de alto, o rombo é menor que o previsto para este ano (R$ 170,5 bilhões). Para a CNI, a intenção de reduzir o déficit foi um gesto de "responsabilidade" do Executivo.


Contudo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou que o governo "não descarta" aumentar impostos para cumprir a meta de 2017.


"[Temer] não chegou a falar em impostos [na reunião], mas somos completamente contra qualquer tipo de aumento de impostos. O Brasil tem espaço para reduzir custos, ganhar eficiência e melhorar a máquina antes de pensar em qualquer tipo de aumento da carga tributária, que considero ineficaz", disse Robson Braga.


Segundo o presidente da CNI, a iniciativa privada do país está "ansiosa" para que o governo adote medidas "duras, modernas e difíceis" para a economia. Entre essas ações, Braga defendeu mudanças na Previdência Social, para que o sistema previdenciário tenha um "futuro promissor."

Na quinta, o ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, informou que a previsão de déficit da Previdência no ano que vem é de R$ 183 bilhões.


Segundo Braga, o encontro da CNI nesta sexta com Temer serviu para que a entidade apresentasse ao presidente em exercício os "entraves" existentes na economia para que as empresas possam investir em inovação.


Na reunião, na sede da confederação, em Brasília, o grupo, intitulado Mobilização Empresarial pela Inovação, apresentou a "Nova agenda da MEI para ampliar a inovação empresarial - 2016", na qual os empresários ligados à CNI defendem, por exemplo, "ampliação e monitoramento dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação"; a "proibição de contingenciamento de recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia"; e ''assegurar nova fonte de recursos destinados à inovação".


Cenário político


Durante entrevista a jornalistas, após a reunião com o presidente em exercício, o presidente da CNI aproveitou para dizer que pesquisas internas da entidade têm mostrado retorno do "otimismo" dos empresários e da população em relação ao país nas últimas semanas, e isso está ligado "à questão política".


Braga ponderou, porém, que, em meio a um cenário de crise no país, com o andamento de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a melhora do cenário econômico depende do quadro político.


"Estamos precisando de uma melhoria para o ambiente de negócios, para o ambiente da economia, e isso será um reflexo da melhoria do ambiente político", afirmou.


BNDES


A presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, que também participou da reunião, afirmou que a instituição já apoia a inovação.


"Inovação é uma das prioridades do banco. A gente entende que produtividade e competitividade são fundamentais para retomada do crescimento sustentável", disse.


Ela se recusou a responder perguntas sobre o empréstimo de US$ 682 milhões do BNDES para a construção do Porto de Mariel, em Cuba. Segundo Maria Silvia, o caso está em estudo pela instituição.


Nesta quinta, a Justiça Federal em Brasília determinou que o governo federal disponibilize acesso a cópias do processo que autorizou o empréstimo.


O porto foi inaugurado em janeiro de 2014 pela presidente afastada Dilma Rousseff junto com o presidente de Cuba, Raul Castro.


O financiamento brasileiro à obra já é investigado em dois inquéritos abertos pelo Ministério Público Federal no Rio de Janeiro e em Brasília. A Odebrecht foi escolhida pelo governo cubano para construir o porto. As investigações buscam elucidar a atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o processo de negociação.


Fonte: G1

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